Quarta-feira, 1 de Agosto de 2007
Mas sem metáfora.
Foram tempos muito conturbados os que me levaram a criar este diário. Demasiados meses perdida no tempo e no espaço em que, embora cheia de ambições, não conseguia transpor a porta da minha própria casa rumo ao mundo, ainda que ele estivesse na minha rua. Esperava poder encontrar algum sentido para o que se passava comigo, escrevendo. Arrumar ideias, estruturando texto. E finalmente, encontrar camuflada nos textos a lógica que estava ausente da minha vida. Um fardo demasiado pesado para alguém tão novo, reconheço-o agora com mais clareza ainda do que antes.
Não foi fácil para mim interpretar o que escrevi e muito menos para vocês, visitantes silenciosos, é certo, mas fiéis.
Posso confessar-vos que a primeira vez em que acreditei ser possível vencer, foi no terminal fluvial do Terreiro do Paço. Fim de tarde, um magnífico pôr-do-sol no rio, e dezenas de pessoas comprimidas esperando o barco. Senti-me genuinamente feliz, como já não imaginava possível. Feliz por me sentir igual a todos os outros.
Agora, é tempo de esta Incógnita se retirar. Não há muito mais a dizer, e o essencial já cá está. Porque "menos é mais", como eu tenho oportunidade de verificar constantemente, e porque este blog já cumpriu a sua função.
Obrigada por terem estado aí.
Obrigada por me terem feito companhia quando me senti só.
Se voltar, saberão oportunamente. Garantidamente, num novo espaço e num novo registo.
E pronto, é isto.
Agora, se me dão licença, o carro já me espera.
Ao último a sair: que apague a luz e feche a porta.
Adeus.
Quando Fernão se juntou ao bando, na praia era já noite cerrada.
Estava tonto e extremamente cansado.
Apesar disso, não resistiu ao prazer de voar num looping para terra e de fazer um snap roll antes de aterrar.
Quando souberam do triunfo, pensava, ficarão loucos de alegria.
Como vale a pena agora viver!
Em vez da monótona labuta de andar ao peixe junto dos barcos de pesca, temos uma razão para estar vivos!
Podemos subtrair-nos à ignorância, podemos encontrar-nos como criaturas excelentes, inteligentes e hábeis.
Podemos ser livres!
Podemos aprender a voar!
(Fernão Capelo Gaivota)
Simples, sincero, lutador... como eu.
Vou sentir muito a falta da tua companhia.
Beijo Grande
Até breve.
Graça
Obrigada pelas sempre palavras bonitas.
Olá obrigada pela visita, não consegui separar os blogs e tive que apagar o outro, tb não me estava a ajudar muito, temos que dar espaço, olhar para as coisas de outra forma, éo que estou a tentar fazer. As coisas não estão optimas, mas vão melhorzinhas, há dias e dias, como tudo e como todos.
E tu como correram as coisas? Estou feliz por teres trabalhado mt e teres chegado ao fim do ano com mais ou menos stress, mas chegaste. Dá noticias, eu nao me esqueço de ti. Nunca! Beijo Grande e Optimas férias
De
Joana a 13 de Agosto de 2007 às 02:47
Que pena que tenho. Sinceramente. De repente, um buraquinho neste «aguentador» que parece não ter fim. (Desculpa se não me percebes; não é isso que quero.)
A ideia é que fiquei infinitamente desconsolada quando li a notícia, agora. (Férias.) Não pelo texto, que esses são invariavelmente bem construídos e recheados de pormenores deliciosos. Mas pela notícia. Compreendes. Era dos poucos diários que continuava a visitar, sempre com as inocentes alegria e ansiedade de quem vai de encontro ao que deseja, qual criança de braços abertos - enquanto a página abre; enquanto percorre os dez passos que a separam da avó que não via desde as últimas férias. Porque aqui, neste espaço acolhedor (era teu e eu sentia-o acolhedor, eu, uma estranha. tão acolhedor. teu e capaz de acolher estranhos.) eu encontrava-me ao virar de esquinas, tantas e tantas vezes. Ora silenciosamente, ora fazendo-o notar. Havia algo de familiar. Familiar.
Não é só isso. É também dizer-te que gostava de saber falar mais contigo, de coisas importantes. Porque eu tenho a certeza da boa pessoa que és; da dor; da inteligência; da angustiante lucidez. Queria partilhar muitas coisas e explicar-te o quanto a palavra «familiar», repetida ali atrás, faz sentido para mim, quando penso em ti. Ainda que raramente contactemos, embora haja ainda um pano do desconhecido. Não quero forçar nada, como é certo, mas desejo que sejamos mais. Porque o familiar ressoa, o que dizer.
Que seja noutro registo, noutro local, espero ler-te. Porque manter uma espaço assim incita-nos a escrever, o que nos faz bem por variadas razões. Significa sempre crescer, isso sei.
P.S. - Estou morta por ter a carta de condução.
Até já.
*
De
Gabriela a 15 de Agosto de 2007 às 23:16
Recuso-me a fechar a porta e a luz...
tenho sempre tanta dificuldade em fazer rupturas...porque me deixas? porque não te importas comigo, que preciso de ti, de te ler, de te saber por aqui?
não nos deixes...não me deixes!
acende de novo a luz e deixa a porta entreaberta...sabes que, de qualquer forma, baterei sempre antes de entrar...
De Férias? Quando te apetecer voltar aqui, mesmo com novo registo, faz outro, mas n apagues este, faz parte da tua historia, não nos deixes aqi sozinhas.... Beijo Grande. Boas Ferias!
Um exelente blog este...escreves deliciosamente...não te digo adeus...digo-te «até já».
Beijos e tudo a correr bem para ti
PS qd voltares avisa :)
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