Domingo, 29 de Outubro de 2006

Estou mal

Estou mal.

Muito muito mal.

Tenho raiva de mim. Quero bater-me. Voltou tudo, tudo, tudo, perdi-me novamente no caminho de mim. Vou faltar às aulas amanhã. Preciso telefonar com urgência ao psiquiatra, tenho de retomar a medicação. Pensei que o fim de semana me recarregasse energias, enganei-me: tirou-me as restantes.

Oh merda, merda. Que ódio, que raiva, que vida.

E o pior é que percebi já não possuir recordações dos tempos em que ainda não tinha nada disto. Esses bons velhos tempos. Já não sei o que é viver tranquilamente feliz. Deixei essas preciosas memórias perdidas algures no caminho sinuoso que percorri.

Cinco anos, cinco anos de luta e estou exausta. Tenho medo de já não conseguir enganar ninguém.

Os meus amigos, a minha família, ninguém sabe o que tenho. Sou tida por pessoa calma, serena e ponderada. Ninguém pode descobrir, e eu... Eu tenho medo de já não conseguir esconder!

E no dia em que o meu maior segredo for revelado... Aí estará tudo perdido, tudo perdido...

Onde é que eu fiquei? Será que se chamar por mim, apareço?

Só quando me vejo no espelho reconheço a pessoa que já fui, e percebo que sou a mesma. Abençoado objecto - sem ele facilmente acreditaria ter morrido e reencarnado na pele de uma estranha. O fio condutor de mim, quebrou-se! Mas onde? Se eu soubesse costurá-lo-ia, mas não sei!

Hoje odeio-me.

Amanhã... Não sei. O meu futuro não me pertence, e o passado fugiu-me das mãos.

publicado por Incógnita às 15:10
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...

O ser humano tem capacidades que desconhece.

Quando pensava que já tinha passado o pior, percebi que consigo odiar o mundo com mais intensidade do que aquela que alguma vez imaginei.

publicado por Incógnita às 14:40
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Quarta-feira, 25 de Outubro de 2006

Licenciaturas à bolonhesa com couves de Bruxelas

Soube hoje mesmo que o meu ano académico já será abrangido pelo famigerado tratado de Bolonha. Portanto, e se tudo correr conforme o planeado, no final do próximo ano lectivo este país terá mais uma licenciada. Eu mesma.

 

Depois disto, mestrado num qualquer país da União Europeia sem complicações burocráticas de qualquer ordem. Só escolher, só escolher! Os meus pés estão a centímetros do chão. Esta perspectiva torna tudo tão mais leve!

 

Com esta novidade consegui até esquecer por momentos os problemas remanescentes da minha obsessão de estimação, que corrói aquilo que tenho de mais precioso: a minha saúde mental, o meu EU.

Estou no chamado "desmame" da medicação, mas as coisas não estão fáceis. Esta semana tive um momento particularmente complicado durante uma aula. A dada altura comecei a paralisar. O coração disparou, a respiração tornou-se rápida e superficial, a minha boca secou e o meu corpo ficou completamente rígido. Tudo o que eu queria era sair dali e desaparecer. Como sou teimosa, fiquei... Fiquei e achei que ia ter uma síncope ali mesmo. Finda a representação corri para a casa de banho, engoli dois calmantes e voltei para as aulas. Sono, sono, sono...

Para quando a minha liberdade?

Quero ser livre.

Quero ser eu.

E estou farta deste discurso.

publicado por Incógnita às 18:58
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Sexta-feira, 20 de Outubro de 2006

Retirado da edição digital do semanário Sol

Um preso americano suicidou-se na sua cela, horas antes de lhe ser aplicada a pena de morte a que fora condenado por assassinar o dono de uma bomba de gasolina em 1995.

Michael Dewayne Johnson, de 29 anos, sempre se declarou inocente, e antes de cortar a garganta, cortou um braço e escreveu na parede a frase «eu não o matei», com sangue.

O corpo de Michael foi encontrado pelos guardas às 2h45 da madrugada de quinta-feira, a pena de morte seria aplicada às 18h.

A viúva da vítima do condenado ficou aborrecida com o sucedido. «Porque é que não o fez há 10 anos, poupava-nos muito sofrimento e dinheiro ao Estado» afirmou a mulher, que se preparava para assistir à execução com alguns familiares.

 

Local errado, hora errada... Ou não?

Fica a dúvida, para atormentar pessoas sensíveis e dotadas de consciência.

publicado por Incógnita às 19:18
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Sábado, 14 de Outubro de 2006

...

O tempo escasseia e este blog fica inevitavelmente em último lugar na minha lista de afazeres. Já dou por mim a espremer os minutos e a mover-me como se estivesse permanentemente em fast forward, mesmo nos momentos de lazer (quais, onde?).

Mas a vida é feita de prioridades e os livros de cabeceira amontoam-se, os amigos mudam-se para galáxias de distância, a televisão hiberna, e comer bem torna-se no único bem indispensável à minha sobrevivência. 

O que me move?

O profundo desejo de poder vir a ser um elemento activo e sobretudo útil ao meu país. A vontade de trabalhar em prol das pessoas e de poder fazer algo de bom por elas, para elas. E isto sim, vale a pena.

publicado por Incógnita às 18:01
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Sexta-feira, 6 de Outubro de 2006

Delírio de Outono

Hoje decidi armazenar um capricho na lista de mimos com que um dia me hei de presentear.

São muitos os sonhos de infância que deixamos que o tempo e a inércia levem para longe de nós, mas hoje decidi: este não vai morrer, pela simples razão de que eu não o vou permitir.

Pode não ser agora (e não o vai ser com certeza), nem nos tempos mais próximos. Pode até acontecer quando as primeiras rugas me vincarem a expressão (e oxalá estas surjam), ou quando os meus olhos se cansarem de anos de trabalho minucioso.

Sei apenas que num qualquer mês de Dezembro vou partir para um país frio, levando na bagagem aqueles que mais amo para uma casa de madeira numa floresta gelada. Quero abrir a porta e sentir o aroma doce da resina invadir o meu  nariz gelado. No centro da casa vai estar uma lareira acesa a chamar-nos para junto da sua aura aconchegante.

Tem de haver tempo para preparar a árvore de Natal e espalhar os presentes em torno de si. Da janela apenas se vai vislumbrar um manto branco iluminado pela lua, enquanto se penduram as meias na chaminé. 

É então que ás doze badaladas do dia vinte e cinco eu vou encostar a minha mão no vidro embaciado e olhar para o céu, pedir um desejo e imaginar em cada estrela um trenó voador e apressado.

Assim cumprirei a promessa que um dia fiz à criança que já fui.

A pequena Eu sonhava viver um Natal de contos infantis, cheio de neve, gelo e pinheiros enfeitados com estrelas cadentes.

publicado por Incógnita às 22:00
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Quinta-feira, 5 de Outubro de 2006

Marketing - batemos no fundo

A mundialmente famosa e consumida Coca Cola é já há algum tempo acusada a meia voz de não ser um produto saudável, e de pelo contrário, ser uma bebida prejudicial à saúde. Esta informação que corria pela internet e pelas caixas de correio electrónico de meio mundo, aos poucos tem vindo a ganhar o estatuto de verdade efectiva. Os argumentos da acusação variavam. Para demonstrar o nível de toxicidade da mistura, evidenciavam-se todas as suas possíveis utilizações - desde ser utilizada para limpar estradas, como para desenferrujar canalizações.

Ora, tendo em vista as proporções que esta publicidade negativa estava a atingir, a Coca Cola decidiu tomar uma atitude.

A atitude não passa nem mais nem menos do que por assumir as potenciais consequências negativas do consumo da bebida, mas desvalorizando-as.

No mais baixo, vergonhoso e repugnante exemplo de publicidade a que já todos devemos ter tido oportunidade de assistir nas nossas televisões, a Coca Cola dá a volta a todos os argumentos acima descritos, RECONHECENDO que estes boatos têm de facto um fundo de verdade e que não existem provas de que a Coca Cola aumente a nossa esperança de vida, mas que contribuindo para momentos felizes [como são todos aqueles em que a bebemos], podemos indirectamente estar a contribuir para isto, uma vez que, e aí sim existem provas efectivas, a felicidade aumenta a nossa longevidade.

 

Isto é a legitimação e a assunção de que produtos que consumimos são reconhecidamente prejudiciais à nossa saúde por quem os fabrica, sem que tenhamos a mínima informação sobre isso.

Neste anúncio, a Coca Cola assume que nos anda a vender veneno há décadas, que sabe que o faz, e que isso para eles não tem a mínima importância.

Agora, o céu é o limite.

publicado por Incógnita às 17:46
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Domingo, 1 de Outubro de 2006

...

Um famoso escritor espanhol, ilustre desconhecido por estas bandas, disse há uns tempos numa entrevista, e resumidamente, algo como isto:

 

"Ser escritor é ter a capacidade do assombro. A maior parte das pessoas perde-a com a idade, acostumando-se às situações e tornando-se consequentemente indiferente às mesmas. Um escritor preserva-a intacta desde a infância, conseguindo por isso surpreender-se com a vida a cada instante, como uma eterna criança que renasce para o mundo a cada segundo."

 

Durante muito tempo procurei uma definição de artista.

Encontrei-a, e é genial.

publicado por Incógnita às 13:41
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Obstinada em encontrar-se... Dentro de si própria.

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