Mas sem metáfora.
Foram tempos muito conturbados os que me levaram a criar este diário. Demasiados meses perdida no tempo e no espaço em que, embora cheia de ambições, não conseguia transpor a porta da minha própria casa rumo ao mundo, ainda que ele estivesse na minha rua. Esperava poder encontrar algum sentido para o que se passava comigo, escrevendo. Arrumar ideias, estruturando texto. E finalmente, encontrar camuflada nos textos a lógica que estava ausente da minha vida. Um fardo demasiado pesado para alguém tão novo, reconheço-o agora com mais clareza ainda do que antes.
Não foi fácil para mim interpretar o que escrevi e muito menos para vocês, visitantes silenciosos, é certo, mas fiéis.
Posso confessar-vos que a primeira vez em que acreditei ser possível vencer, foi no terminal fluvial do Terreiro do Paço. Fim de tarde, um magnífico pôr-do-sol no rio, e dezenas de pessoas comprimidas esperando o barco. Senti-me genuinamente feliz, como já não imaginava possível. Feliz por me sentir igual a todos os outros.
Agora, é tempo de esta Incógnita se retirar. Não há muito mais a dizer, e o essencial já cá está. Porque "menos é mais", como eu tenho oportunidade de verificar constantemente, e porque este blog já cumpriu a sua função.
Obrigada por terem estado aí.
Obrigada por me terem feito companhia quando me senti só.
Se voltar, saberão oportunamente. Garantidamente, num novo espaço e num novo registo.
E pronto, é isto.
Agora, se me dão licença, o carro já me espera.
Ao último a sair: que apague a luz e feche a porta.
Adeus.
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. Epílogo
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