As palavras do psiquiatra ecoavam na minha mente. "Tenta, tens de tentar, tens de estabelecer objectivos, os medicamentos são só uma ajuda! Vai custar, mas tens de o fazer... Pouco a pouco vais conseguir..."
Então tentei sair de casa. Sentia-me como um bebé a dar os primeiros passos, a reconhecer-se a si mesmo e ao mundo que o rodeia... Estava a aprender tudo de novo. Saía para sítios próximos, por curtos períodos de tempo. Sempre alerta e muito tensa, como se o meu cérebro estivesse a oferecer resistência à minha vontade. Então invejava profundamente todas as pessoas que observava, e que pressentia livres de grilhões internos. Oh, como eu invejei... Sentimento terrível, este, não me sabia capaz de o alimentar com tamanha intensidade...
No entanto, e aos poucos, comecei a perceber com uma enorme felicidade, que a medicação estava a fazer efeito... A tensão estava a desaparecer lentamente... Uma descontracção que há muito não sentia estava a invadir-me... O meu cérebro estava a baixar as suas defesas contra possíveis ameaças. E eu não acreditava na minha felicidade. Oh, afinal podia haver um futuro!
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. Epílogo
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