Tenho plena consciência de que não me estou a dedicar ao curso com a intensidade devida. Acumula-se material para ler, outro tanto para desenvolver, e eu fazendo apenas o trabalho necessário a uma classificação positiva. Nem mais um minuto de esforço. Os livros viajam na mala comigo mas quando me debruço sobre eles limito-me a uma leitura diagonal, enquanto o som do leitor de mp3 me eleva noutras direcções. Já não sei se escolhi o rumo certo para mim. Interrogo-me sobre o que quero, mas não chego a nenhuma conclusão. Tento imaginar-me a dez anos de distância e vejo apenas névoa.
Nunca hesitei diante de um desafio nem fugi de responsabilidades. Cresci obstinada com a ideia de sucesso, de realização, de futuro, e este curso era o sonho, simultaneamente meta e ponto de partida.
Agora tudo isso se esfumou.
Quando a entrada no curso me foi barrada na primeira tentativa, a motivação arrefeceu e as certezas foram abaladas. A sequela, bem sucedida, soube a pouco.
As actividades extracurriculares foram abandonadas porque uma certa e determinada perturbação tomou conta de mim.
Depois de tudo isto, a dedicação ao trabalho fez as malas e partiu.
A paixão pelo curso desmoronou-se.
Os ideais de futuro ficaram no passado.
E agora o presente parece-me um limbo demasiado fino para se estar em segurança.
Não sei o que quero, nem para onde vou, mas o pior é que também não sei se isto me preocupa.
Algo me diz que estou a ganhar espaço para ser feliz.
Já só falta mesmo a felicidade.
E mais Zoloft 50mg. De manhã e à noite.
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. Epílogo
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